NATAL A ÁRVORE INVERTIDA
Lucarocas a Arte de Ser

Certa vez eu meditando
Sobre a árvore de Natal
Fui ali imaginando
Um formato sem igual
E a imaginei invertida
A base estando estendida
Ao plano celestial.

Olhando aquela ponteira
Na inversão que eu fiz
Vi que a haste derradeira
Tinha virado raiz
E que os galhos pequenos
Se mostravam tão serenos
E em outra diretriz.

Imaginei cada galho
As trilhas da minha vida
Eu vi caminho sem atalho
Do nascimento à partida
Crescendo bem devagar
Com cada ramo a galgar
Uma escada de subida.

E nas primeiras folhagens
Eu me vi como criança
Desenhando a paisagem
De um tempo de confiança
E a folhagem crescendo
E por ela eu ia vendo
O meu mundo de esperança.

Fui levantando o olhar
E alegrando o semblante
O logo fui encontrar
Um tempo um pouco distante
Onde aquele eu criança
Fazia nova mudança
E se tornava estudante.

Mas acima fui olhando
Cada galho que surgia
E nele fui encontrando
Uma luminosa alegria
Mas uns com certa rudeza
Também mostravam tristeza
Na vida que percorria.

Se mais levantava a vista
Mais minha vida passava
Fui encontrar com o artista
Que dentro de mim morava
E olhando com atenção
Fui me ver na profissão
Que eu sempre laborava.

Meu olhar virou saudade
Nos novos galhos que via
Pois todo o peso da idade
No corpo então existia
E com olhar lacrimal
Não via mais o Natal
Com a pureza que havia.

Não via nada enfeitando
Os ramos desse pinheiro
Só os galhos me mostrando
Que o tempo passa ligeiro
E quando finda a subida
É a hora que a nossa vida
Muda todo o paradeiro.

Olhando os galhos finais
Senti saudade dos meus
E ali eu vi os sinais
Das lutas e jubileus
E eu orei agradecido
Por todo tempo vivido
Sob o comando de Deus.

No final vi o tripé
Qual era a sustentação
E renovei minha fé
Ali naquela visão
Pois eu vi iluminada
Toda Família sagrada
Segurando a minha mão.

E depois daquele dia
Chegando o ano ao final
Vem uma luz que me guia
Ao plano espiritual
E eu me encho de luz
Na árvore vejo Jesus
E o verdadeiro Natal.

Fortaleza, 23 de dezembro de 2023.