PARA DIZER QUE NÃO FALEI DE CORDEL
Autor: Lucarocas

Não sei se o cordelista
Merece somente um dia
Pois na essência do artista
Há alma que contagia
E em seu poder criador
É grande semeador
Com sua sabedoria.

Com o pincel do pensar
Pinta qualquer paisagem
E constrói no imaginar
O verdume pastagem
E nas linhas do segredo
Consegue fazer o medo
Ser mais divina coragem.

Com a luz do pensamento
Faz brilhar a escuridão
Faz do verso lenimento
Pras dores do coração
E na maciez do canto
Faz prece para o seu santo
No altar da devoção.

Com o lume do sonhar
Coloca aroma na flor
Dá sentido ao verbo amar
Em cada instante de dor
Faz com que o verso alcance
O tamanho do romance
Que quer viver seu amor.

Constrói na imaginação
Desenho dos mundos seus
Escreve na emoção
Os mais belos apogeus
E em sua ingenuidade
Sonha com a eternidade
No mundo feliz de Deus.

Assim é o cordelista
Nas trilhas do versejar
Traz um bom ponto de vista
No campo do imaginar
Mas muda a realidade
Que já mostra outra verdade
Na hora de publicar.

Quando o texto no papel
Recebe a sua impressão
Num folheto de cordel
Se faz a composição
E muitos sem ter cuidado
Faz o texto publicado
Sem nenhuma revisão.

Outra tristeza nos traz
É quem sonha em escrever
Pra dizer que é capaz
Do assunto conhecer
Faz uns versos pé quebrado
E faz alguém contratado
Para o seu texto fazer.

Há muita gente que faz
Maldade com a poesia
Mas o seu verso não traz
Verdade no que ele cria
E no enganar do verso
Há quem queira o universo
Dos bancos da academia.

Por conta da vaidade
Vontade de aparição
Mentira vira verdade
No ato da construção
Na hora do poemar
Se quebra o metrificar
Mata rima e oração.

O que precisa ser feito
É se buscar melhoria
Eliminando o defeito
Dos textos quando se cria
Ser humilde pra aprender
E sempre melhor fazer
Seu canto de poesia.

E quando for publicado
Para um trabalho fiel
Peça pra ser revisado
Por um outro menestrel
E aí seu ser artista
Brilha como cordelista
Nas linhas de bom cordel.

Fortaleza, 19 de novembro de 2020.

Lucarocas
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lucarocas@gmail.com